quinta-feira, agosto 24, 2006


São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas. Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem. Desamparadas, inocentes, leves. Tecidas são de luz e são a noite. E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda. Quem as escuta? Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?
As palavras - Eugénio de Andrade

4 comentários:

dancingkid disse...

também sou apaixonado pelas palavras, o significado que elas contém, o modo como as utilizamos, cada palavra tem uma força, deixo-te um poema de Alexandre O'Neill.
...
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Vegana da Serra disse...

Sony, vou dar-te um conselho para o teu blog ficar muito mais giro: comenta as passagens que transcreves.

Totoia disse...

Ou então repete-as!!

lol

S. C. R. disse...

Gostei do teu espaço.
Obrigada por passares no meu segredo.

Grande beijo