quinta-feira, dezembro 28, 2006

PAPALAGUI


Todos nós somos vistos de uma maneira, algumas vezes de forma especial, outras nem tanto.
O Papalagui, quer dizer, o Branco. É narrado pelo chefe da tribo dos samoanos, localizado nas regiões do Pacífico. Nos seus discursos, apela ao seu povo sobre os perigos da convivência com os Brancos, descrevendo a Europa e tudo o que a compõe, desde a profissão, as horas, o pensamento.
Ao passo que os europeus os viam como selvagens, ele via-se a si e aos seus como partes integrantes da natureza; desde o sentir o sol na pele, e não pensar em nada - lembrando-me o grande mestre, Fernando Pessoa - ao cobrir o corpo com esteiras, na sua casa de pedra.
Perscrutou atentamente a vida dos homens na Europa, e achou-nos escravos do tempo. Como diz o Inglês : Tempo é dinheiro. Chegando mesmo a dizer que, o papel forte e a moeda de cobre governam a vida do homem branco.
Chegando também, a dizer, que o homem branco faz uma coisa que, é pensar. Pensa sobre tudo e mais alguma coisa, e que é também a profissão de muitos só pensar. Pensa em ser Deus. Inventado coisas atrás de coisas.
Podemos ver os outros como meros selvagens, idiotas, ou mesmos atrasados, mas a verdade é que, também, somos observados e muitas vezes o que pensamos de nós nem sempre corresponde a verdade.
É um livro de leitura fácil. Genial e muito interessante. Não só porque, apela ao nosso sentido de "ver" ao nosso redor, mas também, para sentirmos a humildade de ser Homens.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Cadernos da Casa Morta



Quando comecei a ler pareceu-me um livro "pouco interessante". mas, à medida que avançava, a leitura tornava-se agradável.

Dostoiévski é sem duvida um mestre na arte de escrever. E podemos comprová-lo em CADERNOS DA CASA MORTA. Descreve os horrores da Rússia Cesarista, em relação aos homens que se opunham ao seu regime; descreve à pobreza no seio da população, e muito mais.

A narrativa passa-se dentro de uma prisão. E aqui, podemos chegar a várias conclusões relativamente ao tratamento de um recluso - são homens como nós - merecem ser tratados com respeito. Os castigos corporais perpetuados por homens sedentos de fúria, sem amor ao próximo são exemplos desse tratamento desumano.

Porém também, existem situações engraçadas desenvolvidas por certos prisioneiros.

De toda a narrativa tocou-me mais a descrição da Sibéria no Verão, quem poder imaginar que leia.

Como qualquer livro bom existem também disabores. É muto extenso em certas situações que só tornam a leitura esforçada. Quando queremos saber mais sobre um determinado fio condutor "Leitura" a narrativa termina.

Mais fica aqui uma nota 14. Descobrir este escritor é ao mesmo tempo descobrir um mundo novo, bastante antigo para nós, mas não se esqueçam que tudo se passou ao virar do século 19. Era uma esquina. E agora o quê é?